MAN TGE com sistema BE-Combi: solução inteligente com 7 toneladas para condutores com habilitação leve

10/07/2025
MAN TGE com sistema BE-Combi: solução inteligente com 7 toneladas para condutores com habilitação leve

A montadora MAN acaba de surpreender o setor de transporte leve com uma solução que está movimentando o mercado europeu: a MAN TGE equipada com o sistema 3500PLUS, da BE-Combi. Esse conjunto, homologado como veículo trator de 3,5 toneladas com reboque de mais 3,5 toneladas, alcança um peso bruto combinado de 7 toneladas, mas ainda pode ser conduzido por motoristas com habilitação categoria B+E — sem necessidade de carteira de motorista para veículos pesados (categoria C ou superior).

    Como funciona essa configuração?

    O sistema funciona da seguinte forma:

  •     O veículo trator (a van MAN TGE) é registrado com peso bruto de 3.500 kg.
  •     O reboque (semirreboque leve) também é homologado com 3.500 kg.
  •     O conjunto totaliza 7.000 kg de Peso Bruto Total Combinado (PBTC).

O sistema 3500PLUS adapta os dois para funcionarem como um veículo leve com tração e frenagem integradas nas seis rodas, mantendo a estabilidade e a segurança.

CNH exigida na Europa

Nos países europeus, essa solução foi pensada justamente para motoristas com CNH categoria B+E, que autoriza a condução de um conjunto de até 7 toneladas (3,5 t + 3,5 t). Isso é amplamente aceito em diversos países da União Europeia, permitindo o uso comercial sem a exigência de habilitação de caminhoneiro profissional.

Situação no Brasil

No Brasil, a legislação técnica é diferente:

  • A Resolução CONTRAN nº 789/2020, que trata da habilitação, define que a categoria B permite veículos de até 3.500 kg de PBTC, com reboques leves (até 750 kg).
  • Quando o conjunto supera esse limite, já é necessário CNH categoria C ou E, a depender da configuração.
  • Portanto, não seria possível conduzir legalmente esse conjunto de 7 toneladas com uma CNH B, mesmo que adaptado para tração leve. A categoria E seria a exigida, por se tratar de veículo tracionando unidade acoplada com mais de 6.000 kg de PBTC.

Homologação e adaptação ao Brasil

A importação ou produção de um veículo com esse conceito exigiria homologação específica junto ao DENATRAN (atualmente SENATRAN), incluindo:

  • Laudos de segurança veicular (INMETRO e órgãos técnicos).
  • Compatibilidade com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
  • Registro adequado no Renavam com a descrição correta do conjunto trator-reboque.
  • Revisão da legislação sobre CNH B+E, que no Brasil ainda não é aplicada com a mesma abrangência da Europa.

Especificações do conjunto

Característica

Detalhes

Veículo trator

Van MAN TGE

Reboque

Plataforma leve com freio integrado

Capacidade de carga útil

Até 2.650 kg

Volume útil

Até 28m³ (cerca de 10 pallets)

Peso bruto total (PBTC)

7.000 kg

Tipo de condução permitida (Europa)

CNH B+E

Tipo de condução no Brasil

CNH E

Pontos positivos

  • Alta capacidade de carga com estrutura leve, ideal para entregas urbanas ou interestaduais com maior volume.
  • Facilidade de operação na Europa, com habilitação leve e menor exigência profissional.
  • Solução econômica e eficiente para empresas que precisam transportar volumes médios com maior agilidade.
  • Tecnologia de frenagem e estabilidade nas seis rodas, aumentando a segurança operacional.

Pontos negativos

  • Não é compatível com a legislação de habilitação no Brasil, exigindo CNH E para qualquer conjunto com mais de 6 t.
  • Necessidade de homologação especial, o que encarece a implementação no país.
  • Infraestrutura de suporte limitada no Brasil, já que o sistema BE-Combi ainda não tem representação oficial direta por aqui.
  • Custo elevado para adaptação ou importação, o que inviabiliza o modelo para pequenos frotistas no curto prazo.

Conclusão

O MAN TGE com sistema BE-Combi é um exemplo de como a engenharia europeia tem buscado soluções leves, seguras e econômicas para o transporte comercial. Embora o conceito ainda enfrente barreiras no Brasil, ele acende uma luz sobre o potencial de veículos médios com configurações inteligentes, que entregam mais capacidade sem a complexidade de caminhões maiores.

Para que essa solução se torne viável em território nacional, será necessário debate técnico e revisão legal, especialmente em relação à categoria B+E, que aqui ainda não possui regulamentação prática.